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Mulheres diagnosticadas com câncer de mama invertem papéis com os filhos na missão de cuidar

As mães são conhecidas por terem uma espécie de super-poder ou algo parecido. São a base da família, são fortes, parecem que sabem de tudo e conseguem cuidar de todo mundo. No entanto, para algumas mulheres, chega o momento que são elas quem precisam de cuidados e fica claro que o único super-poder capaz de dar conta de tudo é o amor. 

 

Liliane é uma dessas mulheres. Aos 43 anos, com dois filhos, foi diagnosticada com câncer de mama. “Eu sou como a base da minha família. Sentia que se eu desmoronasse, toda a estrutura ia cair”, contou. O diagnóstico veio de repente. Liliane fazia todos os exames periodicamente e confessou que se sentiu surpresa quando descobriu o câncer. “Eu já era dessas pessoas que fazia os exames periodicamente. Mas acabei descobrindo o caroço fazendo o toque durante o banho. Dias depois fui na minha médica, fiz o exame e foi diagnosticado. Tentei receber a notícia de forma tranquila para não assustar minha família”, relata a paciente.

 

Moradora de Coruripe, interior de Alagoas, Liliane faz os tratamentos e consultas acompanhada de Lucas, seu filho mais novo, de 21 anos. Durante a quimioterapia, a cadeira do acompanhante está sempre ocupada pelo rapaz. “Eu fiquei com receio da reação dele. Quando recebi o diagnóstico, ele estava comigo e a médica pediu para que ele entrasse”, explica. Apesar de ter recebido a notícia de forma tranquila, segundo Liliane, Lucas afirma que foi um choque no início. “Isso nunca passou pela minha cabeça. Mas a gente tem que aceitar e entender”, disse.

 

Segundo a paciente, hoje em dia os papéis se invertem e o filho a apoia como um pai. “Ele me acompanha em todas as horas. Se eu for internada, ele está comigo. Se for pra assinar documentação, é ele também”. Ela explica que a relação entre os dois mudou bastante durante o período do tratamento quimioterápico, que encerrou no mês de abril deste ano.

 

“Ele cuida de mim. Sabe todos os horários dos meus remédios, me acorda na hora de tomar. Ele não deixa eu fazer nada que possa me atrapalhar ou dar trabalho. Eu virei filha dele. Do jeito dele, ele é muito carinhoso. Ele me ajuda, massageia meus pés e mãos quando dói”, relata Liliane.

 

Quando perguntada da importância dos filhos para ela, a paciente se emociona. “Eles são tudo que Deus colocou na minha vida. Não tem outra definição. É amor, é companheirismo. É como se tudo o que faltasse em mim eles completassem. Eles me incentivam, dizem ‘força, mainha, você não vai desistir agora, estamos aqui’. Hoje eu me sinto realizada”, disse.

 

TRÊS GERAÇÕES DE AMOR

 

“Amor de mãe supera o impossível”, é o que estampa a camiseta de Rosana Cabral durante uma consulta. Aos 44 anos, foi diagnosticada com câncer de mama e desde então constata as palavras que pintou no tecido. Ela nunca está sozinha. Em consultas, exames, tratamento e cirurgia, suas acompanhantes estão sempre presentes: a mãe e a filha.

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Rosana tem três filhos e é professora de biologia. Ela conta que entendeu o que estava acontecendo antes mesmo do diagnóstico. “Mulher tem o sexto sentido. Quando fiz o exame da primeira vez, o resultado deu inconclusivo. Eu comecei a sentir que tinha algo”, revelou. Mas a certeza veio há oito meses, em setembro de 2018. “Quando vi o resultado dei um grito, me senti sem chão. Só pensava na minha filha mais nova, de 13 anos. A minha preocupação não era a minha saúde, mas a minha filha mais nova”, explicou a paciente.

 

Desde então, Rosana passou pela mastectomia e encerrou o tratamento quimioterápico estando sempre acompanhada pela filha Jade, de 20 anos. “Ela estava fazendo quimioterapia desde outubro e eu vim em todas, faltava aula para poder acompanhar. Eu botei na cabeça que ia ficar com ela o tempo todo”, disse a filha.

 

Ao falar da companhia das filhas, Jade e Judie, de 13 anos, Rosana abre um largo sorriso. “Minhas filhas me fazem rir o tempo todo. Elas me botam pra cima, me arrastam pra sair de casa, ir ao cinema. Elas são um presente de Deus. Se antes já era assim, agora está mais forte. Esse apoio é fundamental, tanto é que eu estou saindo dessa”, contou.

 

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A inversão dos papéis também é uma realidade na casa da Rosana. Segundo a professora, agora ela tem três mães. “As meninas ficam no meu pé para comer mais, para ir descansar. Pareço uma filha mesmo. Fazem igual eu fazia com elas. Esse apoio é muito importante pra mim. O ambiente que eles estão me proporcionando me deixa mais leve e confiante”, explicou.

 

Dona Selma, mãe de Rosana, também é uma das companhias da paciente. “Desde o começo fiz tudo com ela, sempre está presente. Eu quero que ela esteja comigo. Nossa relação melhorou muito. Quando olho pra trás vejo o que passei e sei que não foi fácil, mas percebo que as três sempre estiveram comigo”.

 

IMPORTÂNCIA DO APOIO EMOCIONAL

 

De acordo com a psicóloga Larisse Cavalcante, do Hospital Cliom, um dos pilares do tratamento oncológico são os familiares, junto ao paciente e aos profissionais da saúde. Ela explica que se de alguma forma um desses pilares estiver fragilizado, o outro precisa estar junto para tentar reerguer.

 

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Os tratamentos oncológicos, seja quimioterapia, imunoterapia ou radioterapia, causam reações biológicas no corpo, no entanto, a saúde mental é muito importante. Segundo a psicóloga, a saúde mental e física andam juntas e uma precisa da outra. Um dos fatores que causam mais confiança e tranquilidade para o paciente durante o tratamento é o apoio familiar.

 

“Quando a pessoa recebe o diagnóstico, acaba acarretando em muitas mudanças, principalmente na dinâmica familiar. Dessa forma, acaba interferindo no bem-estar subjetivo do sujeito, que é a forma como a pessoa enxerga a si mesmo e as pessoas ao redor. O apoio familiar serve para acolher aquele paciente. Se ele se sente acolhido, sabe que pode contar com a pessoa que ele ama e conhece, a percepção dele sobre o tratamento será bem melhor”, introduz a especialista.

 

Acompanhar também é importante para o que o familiar entenda o processo pelo qual o paciente está passando. “Todo o tratamento é um mundo novo que está se abrindo para o paciente e para os familiares. Vivenciar o processo facilita a compreensão da família nessa nova realidade, além de tirar as dúvidas. Apesar de todo o apoio do profissionais da saúde, grande parte do tratamento ocorre em casa. Então perceber esse suporte também dentro de casa vai fazer com que o tratamento flua melhor”, explica a psicóloga.

 

Sendo um dos pilares do tratamento no Hospital Cliom, o cuidador também precisa de cuidados. Larisse salienta que a psicologia também trabalha com esses acompanhantes. “A gente sabe que os filhos sentem e percebem e tudo isso vai interferir na saúde física e mental dele. A psicologia também trabalha com esses familiares, disponibilizando espaço de fala e escuta ativa. O cuidador acaba pegando tudo para ele, tentando minimizar o sofrimento do familiar e pode ficar sobrecarregado”, colocou.

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